terça-feira, novembro 13, 2012

Alienação Parental

No documentário com o título de A Morte Inventada existe o declamar de um poema, busquei-o, ei-lo.

Poema: A morte Inventada


Qual será o meu limite? Até onde eu posso ir?
Passamos por aqui inúmeras vezes, minha filha e eu.
Ainda hoje encontro pegadas de sorrisos, encontro também um rastro de conversa boa com pedaços de estórias espalhadas.
São palavras e letras caídas pelo chão.
Brincando riscamos quadrados na terra.
Pulamos desequilibrados num pé só até chegar no céu e chegamos.
Brincamos de correr de costas. O segredo é olhar pra frente para vencer.
Eu sempre perdi.
Nas corrida de folhas ela vencia e perdia.Algumas vezes nós dois empatávamos, perdendo.
Nossas folhas ficavam encalhadas numa pedra ou coisa parecida.
Brincamos de correr e congelar, de estátua. Quem mexesse perdia.
Nessa brincadeira incluímos um novo amigo. Os três a congelar: eu, ela e o tempo, que não entendeu as regras do jogo e seguiu correndo. Depois foi ela que correu. E eu fiquei ali congelado. Todo mundo perdeu.
Só agora, a essa altura da vida fui conhecer o mais amargo dos sentimentos.
A injustiça, é uma onda de 10 metros que te arranca de dentro de si e faz tudo se apagar.
Falta chão, falta ar, falta voz. Você perde o plumo, perde o rumo. Não sabe mais pra onde fica o céu. Por eternos três segundos, você prova o terrível gosto da água do mar, o gosto do sal, da areia e da morte.
A razão e os sentimentos submergem e aflora os seus mais profundos instintos. É você no avesso, primitivo, em carne viva. Esse sentimento veio morar comigo.
Julguei ter encontrado meu limite.
Nada, e ninguém me faria me perder de mim. Não mais brigaria. Mais uma vez estive enganado.
Do convívio levaram o fogão. Da ingenuidade, tiraram as rodas da frente. Do afeto roubaram a pilha. Mesmo assim eu estava pronto para o mínimo. Julguei ter encontrado o meu limite. Nada e ninguém me faria me perder de mim. Não mais brigaria. Ainda restava o mínimo. Um elo entre ela e eu. Único e suficiente, intocável. Isto nos bastava! Uma fresta para se ver, para se falar, para se ouvir, para sentir. Um elo entre ela e eu!
Mas esse elo virou fetiche, território de conquista.
Dele fizeram um adorno, ele ganhou uma orelha, ganhou as ruas e sumiu. Assim o nosso amor virou um brinco. E o elo se foi.
Em apenas um corte, 13 meses se passaram. Sem olhar sem ouvir, sem cheiro sem gosto e sem contato, sem sentido. No fim deste período meu papel mudou.. Como inimigo me vi diante de uma outra menina, que não aquela que não existe mais.
Em apenas um corte.
Tentei ouvir em todas as estórias um pedaço de minha própria estória. Tentei encontrar nas pessoas com quem conversei ,a palavra que eu não soube escrever, a voz que eu perdi.
A minha saudade é um longo corredor esfumaçado de hospital, com piscar de incontáveis vagalumes de ontem. Em alguns casos para se chegar a cura basta levantar a camisa e mostrar onde dói, em outros tem que arregaçar a pele. E mostrar onde dói.
Aqui não cabem nem as palavras, nem o grito, nem a raiva, nem a saudade, nem a angústia, nem o eu.
Qual será o meu limite?
Até onde eu posso ir? Passamos por aqui inúmeras vezes, minha filha e eu.
Ainda hoje encontro pegadas de sorriso. Encontro também um rastro de conversa boa, com pedaços de estórias espalhadas. São palavras e letras caídas pelo chão.
Brincando riscamos quadrados na terra. Pulamos desequilibrados em um pé só, até chegar no céu e chegamos.
Não brincamos de voltar no tempo, esse jogo nós não inventamos, mas posso inventá-lo agora. Regras e número de participantes. O vencedor pode ir ao passado e refazer as coisas que não deram certo, para depois voltar ao presente e descobrir de um jeito melhor que antes. Que as coisas ruins não passaram de um filme triste de cinema, onde basta acender as luzes e descobrir que tudo não passou de ilusão. Mas não foi.

Poema extraído do DVD: A morte inventada - Alienação Parental
Um filme de Alan Minas


Fonte: http://crescer-psicologia.blogspot.com.br/2010_05_01_archive.html

quinta-feira, julho 26, 2012

Fragilidade do entendimento

Senhoras e senhores,
existe de verdade esse tal de amor sereno?
Por favor, me apresente. Necessito compreender
a pétala dessa rosa que é a mansidão entre cônjuges.
É o pesar de desentendimentos que me circunda...
Horas menos, horas mais, intenso, sonolento,
acordado, redundante, capcioso, emocional.

Forte como sou, a opinião brota em palavras e lágrimas, bem do fundo.
Fico então permeada de palavras que correm soltas, ou amarradas,
mas sempre presentes ao desagrado.
E a fragilidade do entendimento faz-se gelo, faz-se fogo, faz-se ar.

Aqui sempre viveu alguém de grande expressão,
corporal, labial, mental, sexual.
Tentativas frustradas de disfarce só mostram

minha incompetência para o não dito de sim
e o sim dito de não, craqueados e rachados
já que tangem a verdade do "local certo".


E assim faz-se mulher, e assim faz-se menina, e assim faz-se criança,
aquela que ingenuamente se vê forçada a fazer o que os pais querem:
Sem choro menina, levanta-te! Aqui não te chateias, não tens opinião,
aqui se agrada, afaga, traga, se zaga, se paga. Acaba?

Mas por favor, meu senhor, me mostre aqui o caminho do esclarecimento.
Aquele lindo casal que não briga e é feliz. Aqueles dois que convivem

sem choque térmico mental e associativo, eivado de ação e sentimento.

Desabafo aqui já que a escrita me acalenta, a emoção já não me toma,

a razão se apresenta, e vem com carinho se aproximando.
Obrigada você que me faz companhia com seu silêncio,
assim com as estrelas que olham, e só olham, quando raro piscam.

domingo, abril 01, 2012

A fragilidade do tesão

Vídeo que fala sobre o desejo, o consumismo, as relações, traição, amor, Freud, e afins. Imperdível, importante e para ser revisto várias vezes.
http://www.cpflcultura.com.br/?aovivo=flavio-gikovate-2

quarta-feira, março 07, 2012

Palavras são inúteis

"...Então, economize palavras. Fique quieto e preste atenção. Escute o que ela não diz. Entenda o que ele nem falou. Os gestos contam coisas, os olhares antecipam. Atitudes valem mais do que declarações de amor – e não podem ser substituídas ou consertadas por palavras." Palavras são inúteis - Ivan Martins

É disso que eu suspeitava na calada do tempo...

sexta-feira, março 02, 2012

O que pulsa em mim do ininteligível...

"Eu escolhi você, dentre todas as pessoas do mundo, para confidenciar o meu segredo. Esse que é parte de mim, que me deforma e me diferencia: o meu terceiro olho! Esse globo camuflado bem no meio da testa, essa coisa benta e monstruosa, maldita e dadivosa! Um sexto sentido que não se adequa, que não se encaixa.
Estou sempre na divisa entre dois mundos: o visível e o invisível! Meu terceiro olho me permite contato com uma série de coisas que, cientificamente, simplesmente não existem! Então, eu nunca sei onde estou: mais pra lá ou mais pra cá? Talvez por isso eu seja tão inquieta. Andarilha, foragida, mutante.
Eu enxergo a vida em terceira dimensão!
Esse é o meu segredo…que agora é nosso!"

- Maíra Viana.

A tradução de mim aqui me faz ler repetidamente sem cansar.

sábado, fevereiro 25, 2012

Da rima que mora... Sempre mora.

Eu recorro novamente a ti
Como em resgate a dentro
Nesses dias tão estranhos
Ainda de assimilação de sinais
Onde nem a rima brota
Mas o verso pesa da mesma forma

O gesto ativo me mostra
Sua importância de ser livre
E o quão preso é
Nas amarras da mente
Nos passos dos dias
No poder da métrica

Novas práticas surgem
Novas necessidades na vida
E o olhar entende, e a cabeça vê
Como que em passos curtos
Chego ao passo largo
No imediatismo retardado

Onde o ato organiza o fato
Onde o tato vem do retrato
De quem vem sem explicação
E vai como desatenção
E acaba com o amanhecer do dia
Um acabar de forma tardia
Já que o tempo é irrecuperável
Do humor instável
Da vida bela
Da vida dela
Da rima que mora...
Sempre mora.

terça-feira, fevereiro 07, 2012

E na hora do turbilhão

"Não seja um problema na vida de quem você ama.
Deixe solto, seja leve!
Seja companheiro e parceiro em todos os momentos.
Busque a diversão acima de tudo.
Não contabilize erros, perdoe-os.
Se há relação pra discutir, é porque não há mais o porquê da relação.

Não seja o problema. Seja a solução!"
Mariana Braga

Para se ler na hora do Turbilhão... Contar até 10, e seguir.

quarta-feira, fevereiro 01, 2012

A cada dia um novo eu

E o que te fala, cala.
O que observo e confirmo, cala.
O que sinto decorrente, cala.
Quando pensas em falar, mais forte cala.
Ao idealizar alguém que possa proveitosamente te ouvir, cala.

Algumas coisas simplesmente não podem ser entendidas, aceita.
Algumas dúvidas só somem por meros dias e tornam, aceita.
Planos a longo prazo só machucam, aceita.
Valorizar e ser valorizado é mais difícil do que parece, aceita.

Sair da anestesia tem ônus e bônus, reconfigura.
Voltar a realidade traz seu pesar, reconfigura.
Entender que o outro está cada vez mais distante do que você pensava, reconfigura.
Depois dos 23 anos começaste a ter TPM, reconfigura.

Mirar-se nas pequenas coisas da vida, aprecia.
Engrandecer com cada passo na evolução, aprecia.
Gestos dedicados a ti, quando verdadeiros, aprecia.
O que a natureza te dá, aprecia.

A cada dia um novo eu.